Manifesto minha indignação e repúdio ao tratamento desrespeitoso e agressivo dado a uma mulher dentro do Senado Federal
É impossível não ficar indignada com a forma que a Dra. Nise Yamaguchi foi tratada pelos seus inquisitores, na última sessão realizada na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), na terça-feira (1°), dentro do congresso Nacional. Não é preciso ser feminista, apenas mulher, para repudiar com veemência as agressões que essa médica, uma grande cientista com notório saber científico e trabalhos publicados dentro e fora do país, sofreu na esdrúxula sessão, em que era convidada, para prestar esclarecimentos sobre armas da ciência no combate à pandemia.
Em minha carreira profissional, sempre trabalhei ao lado de grandes homens empenhados em nos apoiar e nos ouvir no tocante ao nosso exercício, que no meu caso sempre esteve envolvido com a assistência social. O que assistimos naquele “tribunal” é inaceitável, e a mais clara evidencia do que é, na prática, agredir uma mulher, que teve suas frases cerceadas, seu conhecimento menosprezado, a profissão descredenciada, e, acreditem, por ter uma voz serena foi humilhada e ridicularizada.


Na sessão de horrores, que parecia não ter fim, assistimos o abuso de autoridade tomar contornos de assédio moral, traduzido em machismo e violência praticados contra uma mulher. Um assunto que já deveria ter sido tratado e vencido no Brasil e no mundo, mas que ainda carece da atenção necessária em nossa sociedade e de investimento em educação básica e conscientização dentro do planejamento familiar.
A criação de uma cultura não machista passa pela criação de nossos filhos homens, que em sua tenra idade, precisa compreender as questões de igualdade entre homens e mulheres. Isso não é uma relação de competição, mas sim de cooperação entre os gêneros que, antes de tudo, precisam se respeitarem como seres humanos, em suas diferenças e potencialidades físicas, mas iguais em relação aos seus direitos e, principalmente, em relação à cidadania.
Para mim, a união do homem e da mulher representa a força da criação, que por sua vez exige a compreensão de igualdade, respeito e fraternidade. Por isso, valorizo as campanhas para sensibilizar a sociedade sobre a necessidade de se eliminar a violência praticada contra a mulher, e também contra qualquer outra minoria. Daí a importância de campanhas como “Sinal Vermelho” e outras que favorecem a identificação de agressores, que sejam capazes de punir criminosos que ousem usar de violência contra uma mulher.


O lado mais fraco de nossa sociedade precisa estar protegido, e somente a conscientização das massas poderá nos levar a viver em uma sociedade ideal, livre de agressões, dos abusos e da violência física. Não podemos mais aceitar que nossos representantes na vida pública, que deveriam agir de forma estadista e se utilizarem de educação, tratem com desrespeito e agressão uma mulher, como Dra. Nise, grande prestadora de serviços oferecidos à nação. Uma vergonha que mancha a história do Senado Federal, e que não traz contribuições em nossa luta para eliminar da sociedade o machismo e a violência praticada contra a mulher.
Aqui não cabe discutir o mérito da questão que envolve o tratamento precoce e medicamentos usados no tratamento da Covid. Falo de respeito e educação, condições básicas de uma sociedade civilizada, mas que faltaram na sessão comandada por homens públicos em nosso Senado. Sinto-me ofendida diante do ocorrido, e me solidarizo com a doutora afrontada em sua honra e dignidade.
Que esse triste episódio, pelo menos, sirva para que os representantes públicos revejam suas posturas, frente ao destaque dos manifestos contrários ao que assistimos com indignação e certamente com repúdio de todas as pessoas de bem.
Carlise Kwiatkowski – Presidente do Provopar Estadual

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