Tudo indica que a Copa América deste ano poderá ser realizada no Brasil, conforme acertos entre a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) e representantes do atual governo. A notícia, no entanto, provocou a ira e a indignação entre os opositores do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que alegam não ser o momento ideal para a realização de um grande evento esportivo, visto que o Brasil está no meio de uma pandemia. Pelo mesmo motivo, o presidente da Argentina, Alberto Fernández, recusou a competição, marcada para acontecer no país vizinho inicialmente. A Colômbia, por causa de protestos, também decidiu não sediar o evento, que, conforme afirma a Comissão realizadora, é o mais seguro do mundo.
O fato é que parecem existir o “futebol do bem”, promovido nos estados, e o “futebol do mal”, relacionado ao governo, que costuma ser demonizado pela esquerda e pela mídia, que hoje praticamente andam juntas e defendem as mesmas bandeiras. Enquanto bradam contra a realização da Copa América, não dizem nada sobre os jogos dos Campeonatos Estaduais e do Brasileirão, que inclusive têm partidas narradas pelos canais de televisão.
Sem público nas arquibancadas, os enfrentamentos entre os times brasileiros continuam acontecendo, reunindo públicos, quase de forma “clandestina”, em bares, botecos e em fundos de quintais. As rodadas da Libertadores, por exemplo, ocorreram há poucas semanas, com participação de times estrangeiros jogando no Brasil. Esse comportamento de crítica seletiva, que joga pedra no governo e não fala um “a” contra os estados, derruba a narrativa da oposição, que usa o argumento da presença das delegações estrangeiras como justificativa para não realizar a competição em tempos de pandemia.
No centro da polêmica está o ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, que afirma que o evento, caso aconteça no país, será privado, sem público e com até 65 pessoas por delegação de cada país, todos devidamente vacinados. Mesmo assim, políticos da oposição prometem levar o assunto para o Supremo Tribunal Federal (STF), e até ameaçam levar os dirigentes da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para serem ouvidos na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), em curso no Congresso Nacional.
Além de fecharem os olhos para as competições estaduais, os opositores da Copa América também parecem esquecer que as aglomerações continuam acontecendo em todos os cantos do país, em muitos locais negligenciados pelos gestores públicos que, por causa de decisão do STF, detêm mais poderes que o próprio presidente da República. Os meios de transporte público das grandes cidades são um exemplo. Os ônibus e metrôs continuam partindo e chegando nos terminais sobrecarregados com os cidadãos, que se aglomeram em idas e vindas respirando o mesmo ar viciado dentro dos vagões e, quiçá, contaminados pelos vírus.
Essa é a real situação nos grandes centros urbanos do país, o que faz da polêmica sobre a Copa do Brasil uma grande hipocrisia sustentada pela esquerda e pela mídia, que resolveram colocar para debaixo do tapete as incoerências e os atropelos causados pela má administração pública nos estados e municípios. Os opositores se esquecem de que uma competição esportiva bem organizada, seguindo todos os protocolos de segurança, pode se tornar um ambiente muito mais seguro, quando comparado aos locais de permanente e frequente aglomeração.
Seja por má fé, ou por desonestidade intelectual, o que se vê são políticos ignorarem os verdadeiros focos de contaminação da doença, enquanto partem para o ataque contra o governo federal, que busca viabilizar a realização de um evento esportivo dentro das regras e dos protocolos de segurança da autoridade sanitária.
A Copa América no Brasil, que neste ano terá transmissão exclusiva pelo Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), será um momento para dar entretenimento e alegria para a população brasileiras. São homens e mulheres que já estão cansados de abrir mão dos seus direitos individuais em nome de um discurso falacioso que diz que para salvar vidas é preciso fechar tudo e destruir a economia.
É sempre bom lembrar também de que esta será a primeira vez que a Copa América não será transmitida pela Rede Globo de Televisão. Isso talvez explique muitas coisas e o porquê de tanta polêmica.
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Zac Lucatelli