IBGE mostra que 14,4 milhões de brasileiros estavam em busca de uma vaga no trimestre encerrado em fevereiro — um recorde. Renda dos que conseguiram se manter no mercado caiu e número de desalentados aumentou. Para analistas, quadro ainda pode piorar.
O Brasil comemora hoje, 1º de maio, o Dia do Trabalhador, mas não há muito o que ser celebrado. Todos os números do mercado de trabalho estão muito ruins. O desemprego atingiu novo recorde da série histórica, iniciada em 2012: 14,4 milhões de brasileiros estão sem trabalho, dos quais 400 mil engrossaram as estatísticas apenas no trimestre dezembro de 2020 a fevereiro de 2021, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E o rendimento médio do trabalhador (atualmente em R$ 2.520) caiu 2,5% no trimestre.
Os números, embora preocupantes, ainda não refletem os impactos do pico da segunda onda da pandemia de covid-19, que atingiram mais intensamente o país em março e abril. Quando comparada ao mesmo trimestre de 2020 (dezembro de 2019 a fevereiro de 2020), a desocupação subiu 16,9% (mais 2,1 milhões de pessoas desempregadas). Na época, 12,3 milhões de pessoas não tinham emprego.
Outro dado de destaque na pesquisa do IBGE é a quantidade de desalentados, ou seja, pessoas que, diante da dificuldade de encontrar uma vaga, pararam de procurar trabalho. A população desalentada (6 milhões de pessoas) também é recorde da série histórica, e cresceu 26,8% em comparação ao mesmo período de 2020.
O número de empregados com carteira assinada no setor privado, atualmente em 29,7 milhões de pessoas, também caiu. Cerca de 3,9 milhões de pessoas perderam os empregos formais no confronto com o ano anterior, uma queda de 11,7% do contingente de trabalhadores dessa categoria.