O deputado André Janones apresentou sua defesa ao Conselho de Ética da Câmara em meio a um processo por quebra de decoro parlamentar relacionado à cobrança de parte dos salários de servidores, argumentando que tais pagamentos não eram compulsórios, mas feitos de forma voluntária. Janones também alegou ser alvo de “perseguição política” e solicitou o arquivamento da representação.

No mês passado, foi divulgado o áudio de uma reunião entre Janones e assessores durante seu primeiro mandato na Câmara, em 2019. Na gravação, o deputado anunciou que ficaria com parte dos salários dos servidores para recuperar seu patrimônio, afetado após as eleições de 2016, quando concorreu à prefeitura de Ituiutaba (MG).

Durante a reunião, Janones explicou: “Algumas pessoas aqui, com quem vou conversar em particular depois, vão receber um adicional no salário. Elas vão me ajudar a cobrir os custos remanescentes da minha campanha para prefeito. Porque perdi R$ 675 mil na campanha. Não considero isso corrupção”, disse o deputado.

Em outra parte da gravação, Janones sugeriu a criação de uma “vaquinha” entre eles para angariar R$ 200 mil para sua próxima campanha eleitoral.

Durante sua defesa no Conselho de Ética, Janones contestou a veracidade da gravação, feita por um ex-assessor, e afirmou que o grupo não era composto por servidores, mas por um “grupo político”.

A defesa de Janones argumentou que as acusações de ‘rachadinha’ se basearam em um áudio editado e descontextualizado, proveniente de um grupo político em preparação para eleições. Segundo ele, não se tratava de reter salários, mas de contribuições voluntárias, sem obrigações ou valores definidos, como evidenciado na gravação.

Janones também tentou relacionar as denúncias à família Bolsonaro, sugerindo uma suposta perseguição política.

A Procuradoria Geral da República (PGR) solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de um inquérito para investigar “indícios da existência de um esquema de desvio de recursos públicos no gabinete” de Janones. O relator do inquérito, ministro Luiz Fux, determinou a quebra dos sigilos bancário e fiscal do deputado.