Nesta quarta-feira (13), o deputado estadual Soldado Fruet (PROS) pediu que o Ministério Público do Paraná (MP-PR) investigue dois problemas detectados nos uniformes entregues pelo Governo do Estado aos alunos dos colégios cívico-militares: falta de numeração e baixa qualidade do material. Segundo ele, estudantes obesos estão sendo vítimas de bullying e as camisetas transparentes deixaram as alunas envergonhadas. Como anunciou no sábado (09), o parlamentar também formalizou pedidos de providências em relação às denúncias à Procuradoria da Mulher e às Comissões de Educação, Defesa dos Direitos da Juventude e Defesa dos Direitos da Criança, do Adolescente, do Idoso e da Pessoa com Deficiência (CRIAI) da Assembleia Legislativa do Paraná.
Na sessão plenária, Soldado Fruet destacou que “o mundo da fantasia em que alguns vivem em nosso Estado é a de políticos fazendo festa para entregar uniformes aos alunos das escolas cívico-militares; já o mundo real é o de crianças e adolescentes sofrendo bullying pela incompetência da Secretaria da Educação”. De acordo com o deputado, pais e crianças dessas instituições de ensino foram envergonhados porque o Estado não adquiriu uniformes fora dos tamanhos chamados “padrão” e ainda entregou camisetas cuja malha tão fina expõe os seios das adolescentes.
Alerta – Há mais de dois meses, o líder do PROS na Casa de Leis alertou o Governo sobre a empresa que ganhou a licitação para fornecimento desses uniformes, “em defesa dos alunos das escolas cívico-militares e antevendo o que aconteceria”. O parlamentar comprovou por documentos que a empresa e seu proprietário tinham um péssimo histórico, como: denúncia na máfia dos uniformes em São Paulo, alvo de CPI na Assembleia de Santa Catarina, caso de polícia pela venda de máscaras gigantes ao Amazonas, condenação a multas milionárias pelo CADE, além de uma série de problemas em diversos municípios de vários estados.
Problemas – Apesar do alerta, o Governo manteve a compra. “Temos que saber se o edital não foi direcionado, como denunciado em outros casos onde a empresa ganhou a licitação”, disse. Conforme o deputado, “o Estado torrou R$ 46 milhões com esses uniformes, mas na primeira lavagem poderão ver a qualidade do tecido”. Ele lamentou que, embora o Paraná seja um polo de vestuário, peças do uniforme tenham sido fabricadas no Paraguai. “Está cada vez mais claro que esses uniformes estavam prontos, apenas esperando uma licitação para atravessarem a fronteira e encherem os bolsos do dono da empresa e sabe-se lá de quem mais”, comentou.
Diferenças – A título de comparação, o deputado citou que a licitação publicada nesta quarta-feira pelo SENAC para compra de camisetas para seus alunos, assinada por seu presidente, o vice-governador Darci Piana, tem o edital perfeito e a descrição da camiseta prioriza a qualidade, “completamente diferente da licitação realizada pelo Estado, demonstrando respeito ao dinheiro público e às crianças que a instituição atende”. O líder do Governo na Assembleia Legislativa, deputado Hussein Bakri (PSD), que também preside a Comissão de Educação, informou que a denúncia do deputado Soldado Fruet sobre os uniformes cívico-militares será analisada e respondida o mais rápido possível.
Fiscalização – Soldado Fruet voltou a pedir que o governador Carlos Massa Ratinho Junior, que está em Dubai, abra os olhos. “Novamente peço que não me veja como adversário político, pois não o sou, sou um representante do povo exercendo a função que me foi confiada, de fiscalizar o Executivo”, afirmou. O deputado também defendeu a saída do secretário da Educação, Renato Feder, salientando que está atento ao investimento de R$ 20 milhões feito pela empresa da qual Feder é um dos maiores acionistas em uma desenvolvedora de sistemas para o poder público.