O comentarista Rodrigo Constantino usou uma rede social, nesta quarta-feira (27), para comentar a postura de André Marinho na entrevista do programa Pânico, da Jovem Pan, com o presidente Jair Bolsonaro.
Segundo Constantino, apesar de Bolsonaro se portar de maneira “informal”, “há limite para tudo”.
– O presidente [Jair] Bolsonaro é alguém informal; alguém que não leva tão a sério assim a liturgia do cargo. [Ele] é, até mesmo, criticado, né, por tucanos, [e] por jornalistas por conta disso. E o programa Pânico é um programa com uma pegada mais informal. […] É óbvio que todo mundo sabia, portanto, que juntando Jair Bolsonaro com Pânico sairia uma coisa bastante descolada, né. Só que há limite pra tudo. Há limite ou deveria haver. Quando alguém que está apenas atrás de lacração, ou de uma campanha política, ou pelo ressentimento que for, detonar o entrevistado e quer parecer mais importante que ele, isso já começa a dar errado. Quando essa pessoa vira, sem nenhum respeito, sem nenhuma liturgia do cargo, e fala “cara, pô, tá com medo?”, isso deixou de ser uma entrevista, por mais informal, por mais conversa de botequim que seja. Afinal de contas, estamos falando do presidente da República. Eu faço uma única provocação aqui, que fica como reflexão: Imagine se fosse no mesmo programa. Alguém como eu entrevistando, por exemplo, um ministro do Supremo [Tribunal Federal]. E, aí, eu virasse e falasse: “E aí, cara! Qual é, vai ficar fugindo?” […] Pensem como é que seria a reação na mídia. Pois é! – declarou Constantino.
ENTENDA O CASO
Durante sua participação no programa Pânico, da Jovem Pan, nesta quarta-feira, o presidente Jair Bolsonaro se irritou com provocações de Marinho. Antes de uma pergunta capciosa, o humorista começou com “floreios”.
– Você, que, muito além de presidente da República, é o nosso mito… – iniciou Marinho.
– Está todo mundo aqui realmente muito preocupado com o retorno do PT ao poder, que vendeu o governo para o centrão, comprou base parlamentar com emenda, tinha milícia digital para atacar opositor. Ninguém quer ver esse horror voltar à tona – continuou.
Após essa introdução, Marinho chegou ao cerne da provocação, questionando sobre as chamadas “rachadinhas”.
– Eu tenho uma denúncia de uma prática que tem acontecido direto no meu Rio de Janeiro, que são vários deputados que estão roubando a torto e a direito, desviando dinheiro público. Eu te pergunto, presidente: rachador tem que ir para cadeia ou não?
Bolsonaro disse que ele poderia responder apenas pelos seus próprios atos.
– Marinho, você sabe que sou presidente da República e respondo pelos meus atos. Então não vou aceitar provocação sua. Você recolha-se ao seu jornalismo […] Seu pai quer a cadeira do Flávio Bolsonaro – disse o presidente em referência ao pai do humorista, que é suplente de Flávio Bolsonaro no Senado.
Depois de Bolsonaro responder a uma pergunta de Adriles Jorge, o humorista insistiu no assunto, dizendo que o presidente só aceitava pergunta de “bajulador”.
– O PT não pode voltar. Então, por favor, responda à pergunta que te fiz, cara. Por quê? Só quer pergunta de bajulador? – disparou Marinho.
Ofendido, Adriles respondeu calorosamente ao colega, sendo instaurada a confusão que culminou no abandono de Jair Bolsonaro da entrevista ao vivo.
– O presidente cedeu seu tempo gentilmente e foi embora. Parabéns aos dois – ironizou Emílio Surita.