Feturismo vai encaminhar novamente ofício ao presidente pedindo a volta este ano do horário especial do verão

O presidente Jair Bolsonaro classificou, nesta quinta-feira (26), a crise energética como “problema sério” e que o país está “no limite do limite” da produção, devido “a maior crise hídrica” de sua história. O apelo reacendeu a campanha pela volta do Horário de Verão lançada em junho por entidades de turismo do Paraná, Santa Catarina e Bahia, capitaneadas pela Feturismo e CNTur.

O horário especial nos meses de maior calor resulta numa redução de consumo de energia elétrica. Além de possibilitar as pessoas uma hora a mais de lazer com a família ou amigos, movimenta o setor de gastronomia e entretenimento, gerando emprego e renda nas mais de 50 atividades correlatas ao turismo, setor mais afetado pela pandemia da covid-19.

“Depois desta fala do presidente, vamos insistir e cobrar o retorno do Horário de Verão, dada a importância do momento”, diz o Fábio Aguayo, presidente da Federação das Empresas de Hospedagem, Gastronomia, Entretenimento e Similares (Feturismo). A hora a mais é um dos mecanismos ou opções de esforço em conjunto da sociedade, para que auxilie neste apelo.

“Especialmente na conscientização do momento crítico”, ressalta o líder da Feturismo, que junto com a Confederação Nacional de Turismo (CNTur), reúnem diversas entidades representativas do setor nos principais centros do país. “Por isso, não é momento de birra e nem teimosia com a medida que é adotada desde 1930 e que neste momento se faz necessário”, frisou Aguayo.

Panorama

O horário de verão, que consiste em adiantar o relógio em uma hora, aumentando o período de lazer na temporada, foi extinto em 2019 pelo presidente Jair Bolsonaro. Após as entidades de turismo Paraná, Bahia e Santa Catarina lançarem a campanha pela vota do Horário de Verão, a iniciativa ganhou apoios pelo país.

O ex-presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon-PR) e atual conselheiro do Confecon, o economista Carlos Magno Bittenclurt, o empresário Luciano Hang, da rede de lojas Havan e o presidente da FEBRACERVA, Marco Falcone (Falke Bier) e a ABRASEL Nacional, tornaram pública a adesão a iniciativa. A Associação Nacional dos Restaurantes (ANR) também entrou no movimento.

No início de agosto, Bolsonaro disse que, se a maioria da população brasileira quiser, o Horário de Verão poderia voltar. A manifestação do presidente veio logo após as entidades encaminharam ofício. “O turismo insiste no Horário de Verão”, reforça Fábio Aguayo da Feturismo.

“Qualquer economia vale a pena neste momento crítico de falta de chuva, nem que seja 0,1% ou 1.000%, mas o 0,1% faz mais sentido neste momento, do que todos os esforços juntos. Cada um tem que dar uma contribuição e o horário de verão é uma grande contribuição para isto”, ressalta Aguayo destacando que as entidades encaminharão novo ofício a Bolsonaro.

Retomar o horário

A avaliação do presidente da Feturismo é compartilhada pelo especialista em energia elétrica, o engenheiro Wagner Victer, ex-membro do Conselho Nacional de Política Energética. Em 1999 ele foi signatário de uma carta ao então presidente Fernando Henrique Cardoso, alertando sobre a crise energética. Atualmente ele tenta fazer chegar a Bolsonaro um recado: o Brasil precisa retomar este ano Horário de Verão.

“Historicamente o ‘Horário’ traz uma redução de consumo que vai de 0,6% a 0,8% e uma redução da demanda no horário de pico da ordem de 4% a 4,5%; Qualquer economia daqui para frente será importante, especialmente nos horários de ponta, para enfrentar a grande crise hídrica”, diz Victer.

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