Biografia de Lula
Obra do jornalista Fernando Morais, as primeiras 165 páginas da biografia de Luiz Inácio Lula da Silva descrevem com riqueza de detalhes as horas antes do petista se entregar aos delegados da Polícia Federal que o levaram a Curitiba e sua vida na cadeia durante 580 dias até a libertação, em 8 de novembro de 2019.
Segundo o Estadão, o relato é completado por cartas escritas do cárcere. Mas o leitor não encontrará em nenhum momento a mesma análise das acusações, das provas e dos processos que levaram à condenação de Lula na Operação Lava Jato.
Ao narrar os dias que antecederam a prisão, o jornalista limita-se a reproduzir um trecho do discurso que o petista fez na frente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC antes de se entregar à Polícia Federal, quando refutou as acusações mais uma vez dizendo que o apartamento nunca foi seu.
Além disso, há apenas uma descrição breve do caso do tríplex e de outras duas ações da Lava Jato num apêndice do livro, em que o jornalista analisa o tratamento dado pelos principais veículos de comunicação a Lula nos últimos anos e critica a cobertura das investigações sobre corrupção.
“Essas referências me pareceram suficientes para o leitor entender o que motivou a prisão”, diz o Moraes, ao explicar as opções que fez ao escrever a biografia. “As acusações contra ele foram todas derrubadas e o mais importante para mim é contar coisas que eu pude ver de perto e que a imprensa não deu.”
Lula foi condenado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro em três instâncias do Judiciário por causa do apartamento em Guarujá, que a empreiteira OAS confirmou ter reformado para ele. A condenação o impediu de disputar as eleições de 2018, quando o presidente Jair Bolsonaro foi eleito.
Em abril deste ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) anulou essa ação e outras três movidas contra o líder de esquerda, após concluir que o ex-juiz Sergio Moro foi parcial na condução dos processos. Desde então, Lula se livrou de mais de uma dezena de ações, sem que se discutisse o mérito das acusações, portanto, nenhuma instituição jurídica inocentou o petista.
A sucessão de vitórias abriu caminho para uma campanha de desinformação com o objetivo de reconstruir a imagem do líder petista, que se prepara para disputar sua sexta eleição presidencial em 2022.